Os millennials costumam ser acusados de displicentes e irresponsáveis, mas a realidade, ao que parece, é bem diferente. Um estudo realizado pelas universidades inglesas de Bath e York St. John mostrou que as pessoas nascidas entre o início dos anos 1980 e o final da década de 1990 são mais perfeccionistas que seus pais.
A base que os pesquisadores usaram para chegar a essa conclusão foi um teste psicológico chamado Escala Multidimensional de Perfeccionismo, que analisa o quão perfeccionista você é. São 35 afirmações, na linha “Eu devo ficar triste sempre que cometo um erro”. E aí você diz se concorda ou discorda.
Os pesquisadores analisaram as respostas que 41 mil estudantes universitários dos EUA, Canadá e Reino Unido deram nos últimos 30 anos, do final dos anos 1980 até 2016. Resultado: os jovens de hoje se mostraram mais perfeccionistas que os jovens de ontem.
A pesquisa levou em conta três perfis de perfeccionista: o normal, que mostra desejo um irracional de ser perfeito sem que haja grandes motivos; o perfeccionista “social”, que tenta fazer tudo certinho porque acha que a expectativa dos outros sobre ele é enorme e o perfeccionista “fiscalizador”, que deposita expectativas irreais nos outros. O perfeccionismo “normal” cresceu 10%; o social, 33% e o fiscalizador, 16%.
Segundo os pesquisadores, o aumento da busca pela perfeição tem vários motivos. Eles defendem que o compartilhamento minuto a minuto da vida pelas redes sociais contribui para que os jovens se sintam mais insatisfeitos com seus corpos, o que pode levar a um comportamento obsessivo para melhorar o próprio físico (nós já dissemos aqui, inclusive, que o Instagram é a rede mais prejudicial à saúde mental).
Eles também citam a pressão para ter uma boa formação acadêmica. De fato: ter um MBA já foi considerado um luxo acadêmico. Hoje, começa a virar obrigação. Há 40 anos, no Reino Unido, só metade dos estudantes do ensino médio queria um diploma de curso superior. Hoje, são virtualmente todos.
Os autores também creditam o excesso de cobrança como um efeito colateral da competição no mercado de trabalho. “Os jovens estão respondendo a isso com expectativas irreais de educação e carreira. Como resultado, o perfeccionismo está crescendo entre os millennials”, diz um dos autores da pesquisa, Tom Curran, da Universidade de Bath, na divulgação do estudo.
Trabalhos anteriores da mesma equipe de cientistas mostravam a relação entre perfeccionismo e burnout, a síndrome do esgotamento. Se você se acha perfeccionista, então, saiba que não se trata de um “defeito cabana”. Pode fazer mais mal do que você imagina. Ainda mais se você for millennial.