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Novo anticoncepcional para homens se mostra eficaz em teste com animais

O método não-hormonal é promissor por ser aparentemente seguro e reversível, segundo um novo estudo.

Por Bruno Carbinatto
2 jun 2024, 14h00

Um novo medicamento anticoncepcional para homens mostrou resultados promissores em testes preliminares realizados em camundongos. O método, que não envolve hormônios, é reversível e aparenta ter poucos efeitos colaterais, segundo um estudo recente.

O composto químico em questão se chama CDD-2807 e está sendo estudado por cientistas americanos do Baylor College of Medicine, no Texas.

Toda a base teórica do tratamento está centrada numa proteína chamada STK33, que está envolvida no processo de formação de espermatozoides e é essencial para que essas células reprodutivas sejam saudáveis e funcionais. Tanto em humanos como em camundongos, indivíduos machos com uma mutação no gene que contém a receita para fabricar essa proteína são inférteis.

Essa infertilidade acontece porque há má formação dos espermatozoides e eles não conseguem se locomover da maneira ideal. Mais importante, essa mutação não causa nenhum outro defeito nos homens – eles continuam ejaculando normalmente, tem testículos totalmente desenvolvidos e com tamanho típico etc. 

É aí que entra o novo tratamento: há substâncias químicas que são conhecidas da ciência por sua capacidade de inibir a atividade da proteína STK33, levando assim a má formação dos espermatozoides. Não se sabe, porém, se são potentes o suficiente para tornar um homem temporariamente estéril. 

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Os cientistas americanos, então, fizeram uma grande análise de todas moléculas que são conhecidas por essa propriedade, identificaram as mais potentes delas e fizeram versões modificadas para turbiná-las ainda mais. Chegaram, assim, ao composto químico CDD-2807, uma versão modificada de um inibidor da proteína STK33. Eles então injetaram esse medicamento em camundongos machos para ver o que aconteceria.

Num artigo publicado na revista Science, a equipe relata um grande sucesso. Num grupo de camundongos machos que receberam doses baixas deste composto todos os dias por três semanas, não houve nascimento de novos camundonguinhos, mesmo que esses indivíduos estivessem acasalando com fêmeas.

Análises laboratoriais mostraram que o esperma desses camundongos continha uma contagem reduzida de espermatozoides, e que essas células reprodutivas tinham uma atividade menor. Ou seja, essas observações, juntas, confirmaram que o composto teve um caráter anticoncepcional.

O tratamento promissor tem algumas vantagens: ele não teve, aparentemente, efeitos colaterais graves e não acumulou no cérebro dos bichos. Além disso, ele é um método não hormonal, o que pode ser positivo já que métodos hormonais costumam ter efeitos secundários indesejados e incontroláveis.

Mais importante, porém, é que ele pode ser reversível: depois que os cientistas pararam de aplicar o tratamento por cerca de 53 dias, os mesmos camundongos voltaram a ter filhozinhos.

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O tratamento ainda está em fases muito preliminares – longe de chegar em testes humanos, essenciais  para se aprovar qualquer droga nova. Mas gera uma esperança de se ter um método anticoncepcional voltado para os homens.

Atualmente, há poucos métodos anticoncepcionais focados nos homens – vasectomia é um deles, por exemplo. Não há nenhum medicamento ou tratamento que seja análogo à pílula anticoncepcional feminina, que já está no mercado há décadas e funciona impedindo a liberação de óvulos através de hormônios. 

Há candidatos ao posto de primeira “pílula anticoncepcional masculina” mais avançados em testes clínicos que este, inclusive em etapas já envolvendo estudos em humanos. Mesmo assim, não se sabe quando teremos um tratamento anticoncepcional para homens eficaz e seguro, e por isso a nova pesquisa tem um grande impacto.

Em 2016, um estudo que testou uma injeção hormonal para homens demonstrou que o método até poderia ser efetivo, mas não foi para frente por causa dos efeitos colaterais citados pelos participantes. Na época, o episódio levantou uma certa discussão porque esses efeitos colaterais eram bem parecidos com os que mulheres sofrem ao tomar pílula anticoncepcional, como dores no corpo, acne e mudanças repentinas e bruscas de humor, incluindo pelo menos um caso de depressão.

 

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