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Recém-nascidos do sexo masculino podem crescer mais lentamente ao tomar antibióticos

O fenômeno, no entanto, não é observado em meninas, segundo novo estudo. Apesar do possível efeito, antibióticos continuam sendo importantes para combater infecções neonatais.

Por Bruno Carbinatto
28 jan 2021, 19h37

Segundo um novo estudo publicado na revista Nature Communications, quando recém-nascidos do sexo masculino são tratados com antibióticos em seus primeiros dias de vida, seus ganhos de peso e altura podem ser mais lentos que o normal.

Antibióticos são remédios que podem ser administrados em bebês para tratar infecções e evitar a sepse neonatal, que pode ser fatal nesses organismos ainda indefesos. Uma equipe de cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, investigou qual o impacto essa prática pode ter a longo prazo.

Os pesquisadores analisaram os dados de crescimento de 12.422 crianças nascidas em um hospital do país entre 2008 e 2010, coletando os dados do momento do nascimento dos bebês até a idade de seis anos. Destes, 1.151 recém-nascidos (9,3%) haviam sido tratados com antibióticos nas duas primeiras semanas de vida para tratar possíveis infecções.

Os resultados mostraram que os meninos que haviam recebido os medicamentos tinham maior probabilidade de ter altura, peso e índice de massa corporal (IMC) significativamente menores ao longo dos seus seis anos de vida em comparação com aqueles que não receberam.

O fenômeno, no entanto, não foi observado nas meninas que participaram do estudo – as taxas de crescimento foram iguais entre as que passaram por tratamento com antibióticos e as que não passaram. Os pesquisadores confirmaram essas mesmas observações em uma segunda base de dados menor e independente, coletada de nascimentos que aconteceram na Alemanha entre 2010 e 2015.

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Segundo a equipe, esse efeito possivelmente ocorre porque os antibióticos podem afetar a microbiota dos bebês – o conjunto de bactérias e outros microrganismos que habitam o intestino. Esses seres microscópicos afetam vários processos em nosso corpo, incluindo a digestão, nossas defesas naturais contra invasores e também o crescimento e controle de peso das pessoas.

Ao utilizar antibióticos para atacar bactérias invasoras que causam doenças, é possível que bactérias benéficas na microbiota do bebê também sejam afetadas, gerando um impacto negativo no crescimento dos pequenos.

Para testar essa hipótese, a equipe analisou amostras das fezes de 13 bebês recém-nascidos que receberam tratamento com antibióticos e de 20 que não receberam. Após um mês do nascimento, os bebês do primeiro grupo tinham uma microbiota intestinal muito menos diversa e rica do que os do segundo grupo, que não tomaram antibiótico. Após seis meses, no entanto, os níveis de microrganismos medidos nos dois grupos já estavam iguais.

Depois, os cientistas decidiram implantar essas amostras de fezes em camundongos recém-nascidos para verificar o que aconteceria. O resultado se repetiu: os machos que receberam a microbiota dos bebês tratados com antibiótico tiveram taxas de crescimento abaixo do esperado; o fenômeno, no entanto, não foi observado nas fêmeas.

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O que causa a diferença entre os sexos ainda continua desconhecido. O mais provável, dizem os cientistas, é que talvez haja alguma diferença na microbiota intestinal ou no próprio intestino que interfira nos resultados. Afinal, sabe-se que os genes relacionados a esse órgão se manifestam de formas diferentes entre meninos e meninas. Novos estudos devem ser feitos para entender melhor o fenômeno.

Até lá, os pesquisadores alertam que não se deve abandonar o uso de antibióticos em recém-nascidos. Esses medicamentos têm um benefício enorme e muito mais acentuado do que seus possíveis efeitos colaterais – afinal, eles salvam vidas.

 

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