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Saúde gratuita custa caro

Faltam médicos, equipamentos e condições na rede pública de saúde. E isso tem a ver, sim, com corrupção e má gestão. Mas também existe outro motivo, muito mais forte: a matemática.

Por Fernanda Ferrairo e Bruno Garattoni
Atualizado em 4 dez 2019, 18h25 - Publicado em 4 ago 2016, 16h50
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  • 20 SEGREDOS QUE OS MÉDICOS NÃO CONTAM
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    Pouquíssimos países oferecem assistência médica gratuita a toda a população.

    Tanto que ano passado o New England Journal of Medicine, uma das principais publicações médicas do mundo, publicou um artigo elogiando o SUS – cuja abrangência costuma espantar os habitantes de países ricos. “O que mais me impressionou foi o fato de ser tudo de graça. Nos EUA, eu receberia uma conta de dezenas de milhares de dólares”, conta o americano Dylan Stillwood, que mora no Brasil há quatro anos e fraturou a mandíbula durante uma viagem a Pernambuco (ele foi operado no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru).

    Ok, ele teve sorte. Todo brasileiro sabe que faltam médicos, equipamentos e condições na rede pública de saúde. E isso tem a ver, sim, com corrupção e má gestão. Mas também existe outro motivo, muito mais forte: a matemática.

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    O Brasil tem a sétima maior economia do mundo, mas também tem a quinta maior população. Divida uma coisa pela outra e você constatará que, em PIB per capita, somos apenas a 74a. economia do planeta. Isso significa que, mesmo cobrando impostos consideráveis, o Estado brasileiro arrecada pouco: tem US$ 5.700 para gastar, por ano, com cada habitante – para custear todos os serviços públicos (não só a saúde), em todas as esferas de governo.

    Pode parecer bastante, mas não é. O Reino Unido, cujo sistema de saúde inspirou o nosso, arrecada quase o triplo (e os países com os melhores serviços públicos passam de US$ 20 mil). “A proposta do SUS é extremamente avançada, comparável às melhores do mundo. Mas precisa de um mínimo [de financiamento]”, diz o cirurgião Jorge Curi, conselheiro do CFM.

    Para funcionar com tanta abrangência, o sistema precisaria de muito mais dinheiro, que teria de vir de algum lugar: de outros serviços públicos, do aumento de impostos ou do crescimento do PIB per capita.

    Fontes: Brazil’s Family Health Strategy. James Mackino e outros, 2015; Fundo Monetário Internacional (PIB de 2014 em dólares PPP, corrigidos pelo poder de compra em cada país) e Heritage Foundation, 2015 Index of Economic Freedom (carga tributária em % do PIB).

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