No futuro, as pessoas não terão de se preocupar tanto com seu odor corporal – e serão mais cheirosas. Essa é a ideia do médico Chris Callewaert, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego. Autor de vários estudos sobre o suor humano, Callewaert desenvolveu uma técnica inusitada para tentar erradicar o fedor: alterar a população de bactérias nas axilas humanas, transplantando micro-organismos das pessoas mais cheirosas para as mais fedidas. A SUPER conversou com ele para saber se a coisa cheira bem.
O que provoca o cecê?
A maioria dos produtos de higiene combate o suor, mas em 90% dos casos o problema são as bactérias. Todos nós temos cerca de 200 espécies de bactéria vivendo nas axilas. Algumas delas causam odor ruim, mas outras podem até nos fazer cheirar bem. E é possível mudar nosso odor mudando nossos micro-organismos.
Como isso é feito?
Nós aplicamos antibióticos na axila da pessoa por uma semana, para eliminar as bactérias. Já o doador fica quatro dias sem se lavar, para cultivar seus micro-organismos. Nós esfregamos um cotonete nas axilas do doador, colocamos em água salgada e transferimos para o receptor. Ele fica uma semana sem lavar as axilas, usando uma bandagem de algodão.
Aí a pessoa não precisa mais usar desodorante?
Dos 18 transplantados, um se livrou das bactérias “ruins” permanentemente. Não posso dizer que ele não precisará mais de desodorante, pois algum cheiro ele pode ter. Mas não vai feder. Entre os demais voluntários, o efeito durou até seis meses. Depois disso, seria necessário refazer o transplante. Também estamos desenvolvendo um spray contendo as bactérias “boas”, que pretendemos testar em setembro.