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Vacina de Oxford contra a malária atinge 77% de eficácia em testes preliminares

O imunizante é o primeiro a alcançar a eficácia almejada pela OMS. Entenda por que é tão difícil desenvolver uma vacina contra a doença que mata 400 mil pessoas por ano.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 13 mar 2024, 16h09 - Publicado em 26 abr 2021, 18h01
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  • A malária é uma das doenças infecciosas que mais mata no mundo. Em 2019, ela foi responsável por 229 milhões de casos e 409 mil mortes, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). 94% dos casos ocorreram no continente africano, e 67% das vítimas foram crianças com menos de 5 anos de idade. 

    Uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford pode ser o maior avanço no combate à doença para os próximos anos. O imunizante apresentou 77% de eficácia em testes clínicos. Ele é o primeiro a atingir a meta da OMS de desenvolver uma vacina para a malária com pelo menos 75% de eficácia até 2030.

    A equipe de pesquisadores é a mesma que desenvolveu a vacina contra a covid-19, que está sendo aplicada no Brasil. Os resultados preliminares do imunizante contra a malária foram divulgados em um pré-print do periódico The Lancet, e ainda não passaram pela revisão de outros cientistas. Os testes da vacina R21/Matrix-M foram realizados no Instituto de Pesquisa em Ciências da Saúde (IRSS) em Burkina Faso, um dos países com maior incidência de malária. O estudo de fase 2 da vacina envolveu 450 crianças entre 5 e 17 meses de idade.

    Um terço delas recebeu uma dose baixa da vacina, enquanto outro terço recebeu uma dose mais alta. O restante das crianças serviu como grupo controle, e recebeu a vacina da raiva em vez da R21/Matrix-M. O estudo também foi duplo cego – ou seja, nem quem aplicou e nem quem recebeu a dose sabia qual delas estava na seringa. As doses foram aplicadas entre maio e agosto de 2019, antes do período do ano com o maior número de casos da doença. 

    Nos 12 meses após a vacinação, a dose mais alta apresentou eficácia de 77%, enquanto a dose baixa preveniu 71% dos casos. Os autores não relataram nenhum efeito adverso grave à vacina. Um ano depois, as crianças receberam uma dose de reforço da vacina.

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    Os resultados são animadores, mas ainda devem ser confirmados pelos próximos estudos. Apesar de ser uma doença bem conhecida, os esforços para criar uma vacina contra a malária ainda não foram totalmente bem sucedidos. A melhor candidata a vacina até agora é a RTS,S/AS01, que apresenta 55,8% de eficácia e está em desenvolvimento desde 1984.

    Mas se os pesquisadores desenvolveram uma vacina para a covid-19 em menos de um ano, por que é tão difícil criar uma para a malária? 

    O segredo é que a doença não é causada por um vírus, e sim por cinco parasitas do gênero Plasmodium, sendo o Plasmodium falciparum o mais letal. Eles passam por diferentes estágios de desenvolvimento ao longo da vida. Todos são transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. Ao entrar na corrente sanguínea, o Plasmodium segue para o fígado, onde se desenvolve e reproduz até chegar na próxima fase do ciclo. Nessa etapa, eles voltam ao sangue e infectam os glóbulos vermelhos, causando seu rompimento. Depois, a pessoa infectada pode ser picada novamente por um Anopheles, e o ciclo recomeça no organismo do mosquito.

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    Os cientistas precisam saber qual dessas etapas devem atacar com a vacina, o que deixa o desenvolvimento ainda mais desafiador. Tanto a R21/Matrix-M quanto a RTS,S/AS01 tentam desencadear uma resposta imune ao parasita em seu estágio inicial, antes que ele chegue ao fígado. O primeiro artigo sobre uma vacina contra a malária foi publicado em 1910, e os primeiros testes clínicos ocorreram na década de 1940. Desde então, mais de 140 candidatas passaram por testes, mas poucas atingiram a eficácia esperada.

    Próximos passos

    Após os resultados promissores de fase 2, os pesquisadores já estão recrutando voluntários para a terceira fase de testes clínicos. A primeira fase geralmente envolve algumas dezenas de pessoas e serve para verificar a segurança do imunizante. Já a segunda fase foca na eficácia da vacina, envolvendo centenas de voluntários. A terceira e última fase verifica o impacto da vacina na prevenção de casos em milhares de pessoas.

    A fase 3 da R21/Matrix-M envolverá 4.800 crianças entre 5 e 36 meses de idade em quatro países africanos. Os resultados devem estar disponíveis em 2022. O co-autor Adrian Hill, da Universidade de Oxford, espera que a vacina possa ser aprovada nos próximos dois anos. Em nota divulgada à imprensa, ele afirma que o Instituto Serum, da Índia, pode fabricar 200 milhões de doses da R21/Matrix-M por ano.

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