Um motorista chileno foi preso no dia 1º de março por um motivo inusitado: um acidente envolvendo sua caminhonete danificou um dos moais da Ilha de Páscoa.
Território do Chile na Polinésia Francesa, a Ilha de Páscoa é um pedaço de terra com a metade da área de Belo Horizonte (MG) – e está a 3,6 mil quilômetros do continente mais próximo, a América do Sul. Apesar de isolada do resto do planeta, a tal ilha tem fama mundial por reunir cerca de mil de esculturas de pedra espalhadas por seu território.
Mesmo quem não é leitor frequente da SUPER já deve ter visto essas cabeças de pedra gigantes por aí. Moais foram construídos pelos rapanui, indígenas nativos da Ilha de Páscoa, entre os anos de 1400 e 1650. Segundo a crença local, serviam para armazenar os espíritos de antepassados. Um estudo do final de 2019 mostrou que elas podem, também, ter tido relação com a agricultura local, por estarem posicionados em locais de solo fértil, ou indicar fontes de água potável.
A imponência dos objetos de pedra, que podem chegar a 10 metros de tamanho e pesar 80 toneladas, e os mistérios quanto à sua construção atraem cerca de 12 mil turistas à região anualmente desde 2012. Estima-se que, entre visitantes e locais, 24 mil pessoas cheguem a circular pela Ilha por mês. Esse alto fluxo de turistas e os potenciais danos aos moais mudaram a política de vistos para acessar a região. Antes, era possível ficar 90 dias por lá. Mas, desde 2018, quem visita só pode passar até um mês.
Curiosamente, o acidente mais recente envolvendo essas relíquias não envolveu turistas, mas um morador local. O motorista da caminhonete vive na Ilha de Páscoa há 12 anos e, segundo autoridades, teria perdido o controle do carro após ter problemas nos freios. Sem controle, ele teria saído da estrada e descido ladeira abaixo, até atingir o monumento. Abaixo, você pode ver algumas fotos que mostram o tamanho do estrago causado pela colisão.
Pedro Edmunds Paoa, prefeito da Ilha de Páscoa, classificou os danos como “incalculáveis”. Paoa chegou a sugerir em entrevista que se proíba permanentemente o tráfego de veículos em áreas onde há patrimônio arqueológico – medida que, segundo ele próprio, tenta tornar lei há 8 anos, sem sucesso. O motorista envolvido no acidente foi indiciado por danificar patrimônio nacional, e pode ter que desembolsar uma multa de até 10 milhões de pesos chilenos (R$ 56 mil).