Copenhague vai recompensar turistas bem comportados
Uma iniciativa da capital dinamarquesa irá conceder brindes e outras vantagens para os visitantes que forem amigos do meio ambiente.
Talvez você tenha visto nos últimos dias notícias sobre a crise de turistas na Europa, e sobre como alguns moradores em Barcelona estão até expulsando os viajantes com arminhas d’água. A capital da Dinamarca, entretanto, esta indo pelo caminho oposto e decidiu adotar outra abordagem: premiar os turistas por bom comportamento.
Os turistas que andarem de bicicleta, usarem transporte público, participarem de esforços de limpeza ou adotar qualquer tipo de comportamento ecológico serão recompensados pelas autoridades do turismo da cidade de Copenhague. A prefeitura decidiu criar uma iniciativa que irá conceder brindes e outras vantagens aos viajantes que adotarem medidas que sejam amigas do meio ambiente.
De acordo com uma pesquisa feita em 2023 pela empresa Kanter, pelo menos 80% dos consumidores se dizem dispostos a adotar medidas mais sustentáveis. O problema é que esse número contrasta com a realidade: somente 22% chegaram a de fator mudar o seu comportamento. Assim, a iniciativa da capital dinamarquesa busca justamente mudar esse cenário.
“Devemos transformar o turismo, deixando de ser um fardo ambiental para se tornar uma força de mudança positiva”, conta, em entrevista ao The New York Times, Mikkel Aarø-Hansen, diretor executivo da Wonderful Copenhagen, organização de turismo da Região da Capital da Dinamarca.
A iniciativa, chamada de CopenPay, busca enriquecer a experiência cultural de visitantes e residentes da cidade, transformando ações ecológicas em moeda para experiências culturais. De acordo com Hansen, o projeto tem potencial, já que pode “mudar a forma como nos deslocamos, o que consumimos e como interagimos com os locais.”
As recompensas variam desde um almoço grátis ou uma xícara de café até um passeio de caiaque ou até mesmo entrada gratuita em um museu. Enquanto a Galeria Nacional da Dinamarca promove workshops sobre como transformar lixo plástico em arte, o Museu Karen Blixen oferece entradas gratuitas para os viajantes que ajudarem a cuidar do jardim histórico.
Já o bar Level Six, por exemplo, oferece uma taça de vinho, cerveja ou refrigerante de cortesia para quem chegar lá pedalando em uma bicicleta ou de transporte público. Quem ajudar a recolher o lixo pode ganhar um passeio de barco na GoBoat Copenhagen ou até um almoço grátis na Escola de Surf da cidade.
Pelo menos 24 empresas e estabelecimentos já estão participando do projeto, que está em sua fase de testes – o programa piloto vai do dia 15 de julho a 11 de agosto. A ideia é usar esse período de férias de verão por lá para o experimento, já que é a época mais quente do ano, quando as pessoas costumam passar mais tempo fora de casa.
Caso os resultados sejam positivos, a cidade pretende voltar com a iniciativa. De acordo com Hansen, o objetivo é que o projeto não só inspire outras cidades a fazerem o mesmo, mas também tornar a mentalidade dos viajantes mais ecológicas quando eles voltarem para suas casas.
“Nossa visão com o CopenPay é criar um efeito cascata,” explica Hansen. “Esperamos que, ao demonstrar o sucesso desta e de outras iniciativas, outras cidades ao redor do mundo sejam inspiradas a encontrar suas próprias maneiras de incentivar comportamentos turísticos mais sustentáveis, levando, em última análise, a um futuro mais sustentável para todos.”
A iniciativa vai na contramão do que está acontecendo em diversas partes do mundo; Barcelona não é a única cidade a dificultar a vida de seus visitantes recentemente.
A Basílica de Santa Sofia, em Istambul, agora cobra entrada para turistas estrangeiros, e Veneza, na Itália, uma taxa para visitantes diurnos. Com a justificativa de combater a poluição (e controlar o turismo excessivo), a capital da Holanda, Amsterdã, está proibindo a entrada de navios de cruzeiro na cidade.
Mas se você está achando que a iniciativa de Copenhague visa aumentar o turismo por lá, está enganado. No próprio site do projeto as autoridades enfatizam que a ideia não é expandir o número de visitantes, mas sim fazer com que as pessoas aproveitem mais a cidade de forma mais agradável e respeitável para com o meio ambiente.