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Bengala utiliza tecnologia de veículos autônomos para guiar deficientes visuais

O objeto, que custou US$ 400 aos pesquisadores da Universidade Stanford, ajudou a aumentar a velocidade da caminhada de deficientes visuais em 18%.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 18 out 2021, 17h52 - Publicado em 18 out 2021, 16h52

Há cerca de 250 milhões de pessoas com deficiência visual no mundo. Muitas utilizam bengalas para se guiar, batendo o objeto no chão a fim de encontrar buracos ou obstáculos no caminho. Agora, engenheiros da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, resolveram recriar estes instrumentos, tornando-os mais modernos e autônomos.

O objetivo dos pesquisadores não era apenas adicionar sensores que apitam quando um objeto está atrapalhando a passagem. Na verdade, eles queriam desenvolver um acessório capaz de identificar o obstáculo, dizer o que ele é e desviar dele. Mais do que isso, o produto recém desenvolvido também deveria funcionar como um guia, levando o usuário até o destino planejado, fosse ele uma cafeteria no bairro ou uma loja no shopping.

Para chegar em algo do tipo, os pesquisadores utilizaram o sensor LIDAR (sigla em inglês para detecção de luz e alcance). Essa tecnologia é aplicada em carros e aeronaves autônomas, e utiliza lasers para identificar objetos próximos e medir a distância até eles. Foram adicionados também sensores comumente empregados em smartphones, como GPS, acelerômetros, magnetômetros e giroscópios, usados para monitorar posição, velocidade e direção do usuário.

A bengala possui uma roda motorizada guiada por algoritmos, que tem como objetivo orientar o usuário sem tirar sua autonomia. Ela foi testada por pessoas assistidas pelo Vista Center, um centro para cegos e deficientes visuais localizado na Califórnia. O grupo, inclusive, pôde dar feedbacks sobre o produto, auxiliando nas decisões finais sobre design e usabilidade.

Os participantes do estudo fizeram passeios por corredores e outros ambientes ao ar livre. Os resultados, publicados na revista Science Robotics, mostram que a velocidade da caminhada aumentou em 18% quando as pessoas estavam utilizando o acessório, em comparação com quando andavam sem ele. Os cientistas acreditam que o progresso possa ser atribuído à assistência de direção precisa, ao menor contato direto da pessoa com o ambiente e também à maior confiança do participante ao caminhar com auxílio da bengala.

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O protótipo desenvolvido pelos pesquisadores de Stanford custou US$ 400 (cerca de R$ 2,2 mil). Segundo seus criadores, bengalas semelhantes já comercializadas podem custar até 15 vezes mais. Além disso, o novo bastão pesa pouco mais de um quilo, enquanto outros encontrados para venda são bem mais pesados.

Por enquanto, não há planos de produzir a bengala em larga escala. Os pesquisadores ainda pretendem afinar o projeto, e estão abertos a conversar com parceiros da indústria que tenham interesse em investir e viabilizar o negócio. Até o momento, o grupo mantém a pesquisa como foco principal: o projeto possui código aberto e qualquer pessoa especializada no tema pode ter acesso a lista de materiais utilizados pelo cientista, podendo construir seu próprio acessório e até mesmo melhorá-lo.

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