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Big Bang: retrato de bebê

Conheça a radiação cósmica de fundo.

Por Leandro Steiw
Atualizado em 30 ago 2019, 12h57 - Publicado em 1 set 2004, 01h00
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  • Big Bang: retrato de bebê

    O mapa mais antigo do Universo foi feito em 1992, pelo radiotelescópio orbital Cobe (abreviatura do inglês Cosmic Background Explorer, ou Explorador do Fundo Cósmico). Na época, com a sua precisão considerada extraordinária, capturou diferenças minúsculas na radiação cósmica de fundo (leia na página ao lado). Em resumo: o Cobe “fotografou” o brilho do Big Bang, o momento mais próximo à origem do Universo. Onze anos depois, o que já era fantástico ficou ainda mais impressionante para os olhos humanos com o mapa montado pela sonda WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe, ou Sonda Wilkinson de Medida da Anisotropia em Microondas), da Nasa. Foi como se os astrônomos tivessem passado uma década olhando para uma fotografia fora de foco e, de repente, recebessem a mesma imagem centenas de vezes mais nítida. Para os leitores de publicações científicas, os mapas do Cobe e da WMAP proporcionaram uma visão espetacular do nosso mundo. Para os cientistas, solidificaram as convicções a respeito do Big Bang, a teoria de que o Universo começou a se expandir depois de uma grande explosão. “A possibilidade de o Big Bang ser descartado em favor de um outro modelo é, na prática, nula”, afirma o astrofísico Ivo Busko, do Space Telescope Science Institute (STSci), nos Estados Unidos.

    O impacto da descoberta extrapola os debates acadêmicos. Segundo Busko, os resultados da WMAP, somados aos do telescópio espacial Hubble e de telescópios terrestres gigantes como VLT, Keck, Gemini e VLBA, mudaram completamente o caráter da cosmologia observacional. Antes, essa ciência contentava-se em obter medidas com erros de 50% a 100%. Agora, pode-se testar modelos cosmológicos com erros mínimos, na casa de algumas unidades percentuais. “Isso está gerando um enorme progresso no estudo do Universo”, diz Busko. Graças ao mapa da WMAP, os cientistas puderam, enfim, cravar a idade do Universo, com uma margem de erro de mero 1%: 13,7 bilhões de anos. Calcularam também que as primeiras estrelas surgiram 200 milhões de anos após o Big Bang.

    O impacto da descoberta

    Os mapas celestes revelaram a infância do cosmo. Também permitiram cravar a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos. Cada vez mais, os cientistas acreditam que tudo começou com uma explosão: o Big Bang

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    O passado em ondas

    O Universo está repleto de radiação de microondas liberada nos seus primórdios. Chamada de radiação cósmica de fundo, surgiu quando elétrons e prótons se juntaram para formar os primeiros átomos de hidrogênio, o elemento mais abundante no cosmo. Essa radiação foi prevista pelo físico russo George Gamow nos anos 40 e observada duas décadas depois pelos astrofísicos americanos Arno Penzias e Robert Wilson. O mapeamento feito pela sonda WMAP indica que esse processo aconteceu 380 000 anos após o Big Bang. Como o Universo tem 13,7 bilhões de anos, a WMAP conseguiu revelar a infância cósmica. A sonda não registrou o céu como uma câmera fotográfica, mas captou ondas de rádio de diferentes direções enquanto girava no espaço. O processamento desses dados permitiu verificar as variações de temperatura da radiação de fundo, com diferenças de apenas milionésimos de grau entre as diversas regiões do Universo. A temperatura varia conforme a distribuição de matéria. Quanto mais matéria presente, mais energia a radiação precisa gastar para escapar de sua atração gravitacional, tendendo ao vermelho. A cor puxa para o violeta onde há menos matéria.

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