Aeroportos mundo afora tiveram seus voos interrompidos no começo desta sexta-feira (19). E não foram os únicos com problemas: falhas em sistemas informáticos de vários países também afetaram transportadoras, empresas de mídia e telecomunicações, hospitais e bancos.
O bug cibernético levou a um blackout que o consultor de cibersegurança e funcionário da Microsoft Troy Hunt classificou como “o maior apagão cibernético da história”. O problema foi causado por uma atualização falha em um software da empresa de cibersegurança CrowdStrike, e afetou muitos computadores que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft.
Não há indícios de que o bug tenha sido causado por um ataque cibernético. O apagão foi causado por problemas na nova versão do sensor Falcon, da CyberStrike. Ironicamente, o Falcon serve justamente para proteger empresas de possíveis ataques hackers.
Os computadores afetados ficaram presos na infame “tela azul da morte” (rs), que aparece no monitor de um computador com sistema Windows quando há um erro grave no sistema.
Ainda não se sabe quando os computadores afetados vão voltar ao normal. Talvez alguns dias sejam necessários para que tudo retorne à normalidade, porque vários aparelhos podem exigir reparos manuais.
Apesar da escala sem precedentes, não é a primeira vez que um erro de software causa caos social em diferentes níveis. Relembre alguns dos maiores bugs cibernéticos da história (inclusive o mais famoso, que nunca aconteceu):
Foguete Ariane 5
O primeiro voo do foguete Ariane 5, da Agência Espacial Europeia, em 1996, falhou por causa de um bug de software. Não só um, na verdade. Foram diversos erros no código, que incluíram o uso de programa feito para a iteração anterior do foguete (o Ariane 4) e um apocalipse matemático (rs) chamado integer overflow, que acontece quando um número inteiro é somado muitas vezes e fica maior do que o sistema aguenta.
Esses bugs causaram falhas no sistema de navegação que tiraram o foguete da rota em meros 37 segundos após o lançamento. O veículo, que carregava quatro satélites de pesquisa da Agência Espacial Europeia, se desintegrou, deixando um prejuízo de US$ 370 milhões. Corrigindo pela inflação e convertendo para reais, são mais de R$ 4 bilhões.
Bug do Milênio
O Bug do Milênio foi o maior apagão cibernético que nunca aconteceu. O medo coletivo de que os computadores não conseguissem entender a mudança de 1999 para 2000 foi tão grande que cerca de US$ 7 bilhões de dólares (mais ou menos R$ 66 bilhões hoje) foram gastos em prevenção. Mas prevenir o quê, exatamente?
O medo era de que os calendários internos das máquinas, de dois dígitos, passariam de 99 para 00, mas o ano seria entendido não como 2000, e sim como 1900 ou 19100. Esse temor não tinha fundamento: vários dos computadores da época já funcionavam com calendários de quatro dígitos, e os erros que realmente ocorreram foram inofensivos.
Enriquecendo com PayPal
Alguns dos homens mais ricos do mundo hoje devem suas fortunas a produtos de software, como Bill Gates ou Elon Musk, que começou com a empresa de pagamentos financeiros virtuais X.com (depois fundida ao PayPal, empresa da qual ele foi CEO por um breve período de tempo em 2000).
Por causa do PayPal, o empresário dos Estados Unidos Chris Reynolds ficou muito mais rico do que Gates, Musk, Jeff Bezos e todos os magnatas da tecnologia juntos. Em junho de 2013, sua conta do PayPal começou com 140 dólares e fechou o mês com US$ 92 quadrilhões.
Você não leu errado: 92 quadrilhões de dólares apareciam no balanço da conta de Reynolds. Mas o código do PayPal estava errado, e o bug no software transformou um saldo de zero em uma quantia de dinheiro muito maior do que toda a grana do mundo, cerca de US$ 118 trilhões. Depois do erro, a empresa doou uma quantia não especificada para uma caridade da escolha de Reynolds.