Esquerda, direita, homem, mulher: encontrar um par no Tinder é simples assim. Mas essa simplicidade acaba excluindo as pessoas que não se identificam com um ou outro gênero, seja porque sua identidade não é reconhecida pelo aplicativo, seja por causa do preconceito que sofrem, vindo de outros usuários. Em junho do ano passado, por exemplo, uma mulher trans chamada Sol Solomon foi banida do app depois de um de seus matches denunciá-la por sua identificação de gênero. Ela botou a boca no mundo e, exatamente um ano depois, o caso fez com que o Tinder começasse a repensar a sua interpretação de gênero.
Para começar essa mudança difícil, o aplicativo vai criar novas opções de gênero. Se tudo der certo, a interface inclusiva vai estar disponível dentro de dois meses nos Estados Unidos – mas ainda não tem data para sair no Brasil. Para evitar pisar na bola, o Tinder está tendo ajuda de experts no assunto: as opções de gênero estão sendo pensadas junto com a GLAAD, uma organização que luta pelos direitos dos LGBTs, e com a transativista Andrea James – famosa por ter sido consultora do roteiro de Transamerica.
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O anúncio foi dado pelo CEO do Tinder, Sean Rad, em uma conferência sobre tecnologia chamada Code Conference, que aconteceu na última terça-feira (31), na Califórnia. Apesar do prazo curto estabelecido pela própria companhia para lançar a novidade, Rad não deu detalhes sobre como o Tinder inclusivo funcionaria na prática – mas, já que o app puxa todas as informações de seus usuários direto do Facebook, pode ser que a identidade de gênero do site, que permite que as pessoas definam o próprio gênero e o pronome pelo qual preferem ser chamadas.
Rad destacou a importância da novidade, dizendo que as opções de gênero serão importantes não só para facilitar os matches e diminuir a violência, mas também para que os usuários “sejam quem realmente são”. Ele concluiu: “Isso não é bom só para o Tinder, é a coisa certa a se fazer para o mundo”.
No mundo dos aplicativos de paquera, já existem dois que são voltados para o público trans: o Transgndr e o Thurst. Mas, além de não serem tão populares quanto o Tinder – o que diminui as opções de “matches” -, os apps acabam excluindo ainda mais os transgêneros, colocando-os em uma espécie de gueto da identidade de gênero que só permite que eles se relacionem entre si.